domingo, 23 de dezembro de 2007

CHEGARAM OS COLCHÕES

Tudo começou a 3 de Novembro deste ano de 2007, quando num FORUM de amigos se escreveu o seguinte:

«Partilho convosco o texto de uma carta que recebi ontem:
"Exmo Senhor
Temos a honra de agradecer em nome da Casa dos Pobres de Coimbra a importância de 150€ que um grupo de amigos que V. Exa integra se dignou oferecer a esta instituição de solidariedade social.
Gestos desta natureza revelam bem a generosidade da alma de quem os pratica e, por isso mesmo, bem justo é que se dê à carinhosa atitude o merecido relevo".
A carta é de 29.10.2007, termina com cumprimentos e a assinatura do Director Aníbal Duarte de Almeida.
NB - a entrega foi feita há meses pela Catarina; o valor é um pouco mais elevado do que aquelas migalhas que arranjámos. Foi a Catarina que pôs a diferença. A escolha definitiva da Casa foi feita, creio, eu, pela MUSA.
Bem podíamos fazer isto mais vezes».

“BEM PODÍAMOS FAZER ISTO MAIS MESES”
foi como que o fósforo que acendeu o rastilho que levou um outro a escrever no dia seguinte:
“Obrigado (…) pelas informações relativas ao donativo... para a casa dos Pobres de Coimbra... Vem aí o Natal...e que tal se a malta deste forum encontrasse um destinatário que precise e se contribuíssemos com as nossas filhozes? Casa do Gaiato?”»

Respondeu prontamente o primeiro interlocutor. A dizer:
«Tenho levado a sério uma ideia antiga - solidariedade - de que aqui se tem falado. O ZV lançou aqui uma ideia. Vou juntar-lhe outra depois de dois ou três contactos. Seguramente vamos proporcionar um NATAL DIFERENTE a algumas crianças».
E depois foi um corrupio, de ideias, de mails, de telefonemas, de contactos, de orçamentos, de reuniões, até se decidir que este mesmo grupo haveria de ser capaz – até ao Natal – de oferecer aos rapazes da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo os colchões de que precisavam para substituir os antigos - 40 colchões ao todo. Pelo meio a impaciência de uns em ver o projecto avançar, a par da força de outros motivando todos para a sua concretização.
Quando em 5 de Dezembro foi aprovado o projecto, tácita ou expressamente, por aquele grupo, talvez nem os mais optimistas pensassem que era possível pô-lo em prática tão rapidamente. Faltavam só 20 dias para o grande dia; seria pouco tempo.
Mas, não foi.
Não resisto agora a recordar os passos essenciais de um telefonema. De um lado, um de nós; do outro, António Lopes. Aquele, querendo saber preços, condições de pagamento, preocupado em como cumprir; António Lopes, seguro na ajuda, dono de uma solução irrecusável.
AL – Falei com os meus filhos e aceitámos fazer 50€ por cada colchão. Colocaremos os colchões na Casa do Gaiato antes do Natal.
AMS – Mas, sr. Lopes, se calhar a gente não é capaz…
AL – Dr., vai falar de pagamento?! Basta-me a sua palavra. Os senhores pagam quando puderem. Não se fala mais nisso.
Nem o “dr” conhecia o senhor António Lopes; nem António Lopes conhecia o “dr”. Aliás, não se conhecem ainda. Falaram apenas pelo telefone, de mais de 400kms de distância.
Terá sido a maior prova de confiança que recebi de alguém em toda a minha vida. Que extraordinário o coração deste homem que tanto acreditou em mim!
Entretanto, noutro campo, apurávamos os procedimentos necessários para quer cada um pusesse em prática o seu “gesto de solidariedade”, como lhes chamou o Anjes. E o primeiro a dizer "sim, estou presente", foi o FF LEAL no dia 7 de Dezembro, quando solene, mas humildemente, anunciou:
“A minha resposta, para já, é de 2 unidades, mas se for preciso prolongamento penso que ainda posso jogar mais uns minutos. Fico à espera do apito para o lançamento inicial”.
“Duas unidades” queria dizer dois colchões. Ficavam a faltar só 38.

Cada um fez depois o que pôde a seguir. Uns gritaram alto no FORUM que a ideia era para ir por diante; outros pagaram um colchão; outros convenceram amigos a fazê-lo, uns mais outros menos. Tudo contou; tudo se somou. Uns mais optimistas, outros com pés no chão, de “esperar para ver”. E, assim, somadas ideias, dinheiro, colchões, gaiatos, optimismo, teimosia, pressa, cautelas, confiança, generosidade, este grupo, com a ajuda de outros amigos, fez solidariedade.
No dia 21 de Dezembro, isto é, pouco mais de um mês depois do lançamento da ideia, mas muito antes do Natal – como desejávamos – o objectivo deste grupo de amigos estava alcançado; os colchões estavam entregues e tinham sido pagos.
E haveriam de sobrar umas migalhitas para mais qualquer coisa do que os colchões.

A ver ainda.
Por mim e com autorização de todos quantos colaboraram apetece-me dizer:

ESTAMOS FELIZES.

AMS

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